Revista Metal: "Vocês estão preparando alguma surpresa para os fãs brasileiros?"
Abaddon: "Sim, nós tentaremos tocar todas as músicas direito!"
A década de 80 foi marcante! Foi uma época em que o sentimento e a garra sempre sobressaíram em relação à técnica. Os álbuns eram gravados sob condições precárias, mas a criatividade das bandas dessa época era impressionante. E, sem dúvida nenhuma, poucas bandas simbolizaram tanto esse período quanto o Venom!
Especificamente no Brasil, os anos 80 foram ainda mais especiais. Encontrar qualquer revista, cassete, vinil (ainda não existia CD...), era considerado um ato heróico. Nos programas de clips na televisão, a banda mais pesada que constava na programação era o Kiss. Não existia Metropolitan com tapetezinho vermelho. Os shows eram no Maracanãzinho mesmo, com som embolado e tudo mais, porém com o "clima" de Heavy Metal.
Seu nome: Venom.
Junto com as matérias, as fotos dos componentes eram as mais radicais possíveis. Cronos, Mantas e Abaddon apareciam como seres de outro mundo, indivíduos que deram um novo rumo ao Heavy Metal. Lendo as revistas, ficamos sabendo que a banda se auto-intitulava "Black Metal", uma ramificação muito mais extrema do Heavy Metal, e que, a partir dela, se desdobrou em Death Metal e Thrash Metal, o que fez do Venom a banda mais influente da história do Heavy Metal, ao lado do Black Sabbath.
Na Rock Brigade de Setembro de 83, o repórter Berrah de Alencar, comentando o disco "Black Metal", escreveu versos que despertaram um interesse máximo sobre a banda, como "É horripilante! O Venom detona sem piedade. (...) Poucos têm condições psicológicas para ver, ouvir e engolir o que o Venom mostra no palco. O shock desta banda intensificou uma campanha maciça em todos os E.U.A., feita em outdoors de beira de estradas, contra o Heavy Metal, encetada pela Music for Moral Majority, instituição religiosa americana. No senado apareceu um projeto de lei que obriga a colocar nos discos de Heavy Metal 'Isto contém alusões ao demônio'. Que tamanho cinismo!".
Em 86, outra revista, a Heavy, colocou ainda mais lenha na fogueira de expectativa sobre o Venom: "Não há nada de macio no Venom. Tudo é violento e forte. Além de rápido (...). Ao vivo, nos discos ou nos vídeos, nada de romantismo, nada de harmonia. Tudo é arrasadoramente alto, cheio de distorções, som sujo, Thrash. São, em verdade, os papas do Black Metal".
E nós, fãs acostumados com Kiss, Whitesnake, Scorpions, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, AC/DC, passamos a cultivar uma enorme expectativa em escutar o som do Venom. Seus discos, quando encontrados no underground carioca, eram vendidos cheios de advertências a respeito do teor lírico, o que só aumentava ainda mais o suspense.
Em meados de 86, o que parecia impossível aconteceu: é anunciada uma excursão do Venom ao Brasil! Logo o Venom, uma banda que faz poucos shows, e ainda mais no Brasil, um país que, até então, estava vivendo das lembranças do Kiss em 83 e do Rock in Rio I.
No começo, ninguém acreditou. Com o tempo, os primeiros cartazes foram sendo espalhados pelas lojas do Rio, como a Sub-Som e a Toca do Vinil. Foi noticiado que o Exciter também viria, e que bandas brasileiras abririam os shows, inclusive uma "tal" de Sepultura. Os mais pessimistas, que achavam que aquilo tudo não passava de um sonho, só vieram a acreditar mesmo quando a rede Bandeirantes de televisão passou a exibir uma chamada para o show, em pleno horário nobre, onde o Venom aparecia tocando ao vivo. Não havia mais dúvida! A banda mais pesada do mundo estaria mesmo no Brasil!
No colégio, meus amigos espalhavam boatos sem nenhum fundamento, como "O último show deles foi na Argentina, e morreram 400 pessoas" (O Venom nunca tocou lá), e "Eu vi uma entrevista onde a banda disse que no fim dos shows aqui no Brasil iria fechar os portões dos estádios e botar fogo dentro", e muitos outros.
Após a passagem do Venom e do Exciter, tudo mudou no Brasil. As bandas Heavy passaram a nos visitar com mais frequência, surgiram mais lojas especializadas em Metal, tornando muito mais fácil encontrar álbuns de bandas até então undergrounds como Destruction, Celtic Frost e Kreator. Mas os fãs daquela época jamais se esquecerão como as dificuldades e a escassez de shows tornaram os anos 80 especiais, e fez da vinda do Venom um marco na história do Heavy Metal no país. Vale lembrar ainda que este foi o primeiro show de toda aquela geração que passou a gostar de Metal com o Rock in Rio I.
A revista Top Rock, número 13, traz uma reportagem sobre os crimes cometidos pelas bandas de Black Metal da Noruega, onde Varg Vikernes, líder do Burzum, e Euronymous, do Mayhem, citam o Venom e o Bathory como a grande influência musical e, mesmo sabendo que nenhuma dessas bandas se envolveu com satanismo na prática, escolheram acreditar assim mesmo no que sua música pregava. Veja o que Cronos disse sobre isso: "Quando se fala em satanismo relativo ao Venom, se fala sobre a crença em si mesma, em dar-se a liberdade de escolha entre amor e ódio, o bem e o mal. Não se fala sobre enxergar uma divindade. É falar sobre quanto se pode ser melhor. Tudo isso é muito triste. Brigar e matar pessoas é voltar no tempo. Tentar impor suas idéias através da violência- foi o que Hitler fez aos judeus!"
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1982 - Black Metal (remastered) download parte 1
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1983 - At War With Satan (remastered) download parte 1
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1985 - American Assault download
1985 - Official Bootleg download parte 1
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1985 - Possessed (remastered) download parte 1
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1986 - Eine Kleine Nachtmusik Live album, produced by Cronos, recorded at Hammersmith Odeon in 1985 and The Ritz,New York in 1986.
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1986 - The Singles 80-86 download
1987 - Calm Before The Storm download
1989 - Prime Evil download
1990 - Tear Your Soul Apartdownload
1991 - Temples Of Icedownload
1992 - The Book Of Armageddon
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1992 - The Waste Lands
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1993 - In Memorium
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1993 - Skeletons In The Closetdownload
1994 - A tribute to VENOM - In the Name of Satan
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Abraços a todos!
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