sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Venom

Não fosse o Venom, certamente todas as bandas de black e death metal não existiriam. Caso o infame trio britânico não tivesse ousado dar ao mundo sua parcela de agressão, loucura e todos os discos clássicos que criou, a história da música teria corrido o risco de não ter conhecido o Metallica. Afinal, desde sempre James Hetfield e seus parceiros declararam que Cronos, Mantas e Abaddon foram uma das suas maiores influências.Criado no início dos anos 80 no interior da Inglaterra, em Newcastle, o Venom tornou-se uma das maiores unanimidades da música pesada, quer seja positiva ou negativamente. É o típico grupo que você ama ou odeia. Não há meios termos para o Venom, seus discursos pseudo satanistas e anticatólicos e seu som único e impagável. A formação clássica veio de vários grupos obscuros da Inglaterra que nunca chegaram a fazer sucesso. Talvez isto explique as limitadas qualidades musicais dos três. No entanto, apesar de Cronos nunca ter sido um ídolo dos baixistas ou Abaddon um mestre na bateria (Mantas era o único que demonstrava alguma preocupação com a parte técnica), o Venom criou clássicos imortais, como "Countess Bathory", "Witching Hour" e "Rip Ride". Os discos "Welcome To Hell", "Black Metal", "Possessed" e "At War With Satan" são fundamentais para a história da música extrema e imprescindíveis para qualquer colecionador que se preza. Em 1986 o grupo teve uma histórica passagem pelo Brasil. Se por um lado a banda já não ostentava com tanto entusiasmo o visual satanista e teve sérios problemas com a produção local dos shows, por outro aquela tour foi determinante para a auto-afirmação do movimento heavy metal no país. Com a tour do Venom, que teve o canadense Exciter fazendo os shows de abertura, o metal nacional ganhou forma definitivamente e pôs o Brasil na rota internacional de shows. Os fãs estranharam a ausência de Mantas, que havia deixado o grupo, e a presença de dois substitutos (Jimmy C. e Mike H.). As novas músicas, do bom disco "Calm Before The Storm", tinham um direcionamento menos agressivo. Independente disto, a história já havia sido mudada, inúmeras novas bandas influenciadas e o número de fãs multiplicado várias vezes. Para eles, não importa que os discos seguintes não obtiveram o mesmo sucesso dos quatro primeiros. O que importa é que o Venom sobreviveu até mesmo à saída de Abaddon e ao fim das suas atividades por um período. Uma época em que Cronos lançou quatro discos solo e Mantas um. Alvo de dois discos tributo, o Venom sempre teve como marca registrada o grande número de singles e coletâneas lançados. Isso sempre deixou os fãs malucos para conseguir os discos. São os mesmos fãs que vibraram com a volta do grupo, ainda sem Abaddon, substituído por Antton, um músico de alta qualidade. Talvez tenha sido a técnica do novato que influenciou Cronos e Mantas a produzirem um dos seus melhores trabalhos de toda a carreira. "Ressurrection", lançado na América Latina pela Century Media Records, é simplesmente excelente. Mantas está melhor ainda, com riffs fantásticos, Anton surpreende na bateria e Cronos, bem, Cronos é o mesmo enquanto baixista. Sua forma de cantar alterou-se levemente, tornando o vocal menos gritado e mais sombrio, mas sem perder suas características. "Ressurrection" garante uma continuação produtiva na história do Venom.



Cronos, em entrevista para Hit Parader, em 85: "Nós estamos usando instrumentos convencionais para fazer algo totalmente anti-convencional — criar destruição pura e total. Se as pessoas quiserem ouvir nossa música tocada sem erros, elas podem ouvir nossos discos. Quando tocamos ao vivo, nem ligamos se houver centenas de notas erradas ou vocais desafinados. Se a atitude e sensação que criarmos estiver do jeito certo, então o show foi bom. Sabemos que nossa música nunca vai vender milhões de discos. De fato, eu ficaria um pouco preocupado se vendesse. Queremos chegar a pessoas como nós — pessoas que não têm medo de olhar para o lado escuro da vida e cuspir-lhe na cara"

Revista Metal: "Vocês estão preparando alguma surpresa para os fãs brasileiros?"
Abaddon: "Sim, nós tentaremos tocar todas as músicas direito!"

A década de 80 foi marcante! Foi uma época em que o sentimento e a garra sempre sobressaíram em relação à técnica. Os álbuns eram gravados sob condições precárias, mas a criatividade das bandas dessa época era impressionante. E, sem dúvida nenhuma, poucas bandas simbolizaram tanto esse período quanto o Venom!

Especificamente no Brasil, os anos 80 foram ainda mais especiais. Encontrar qualquer revista, cassete, vinil (ainda não existia CD...), era considerado um ato heróico. Nos programas de clips na televisão, a banda mais pesada que constava na programação era o Kiss. Não existia Metropolitan com tapetezinho vermelho. Os shows eram no Maracanãzinho mesmo, com som embolado e tudo mais, porém com o "clima" de Heavy Metal.

Em 85 e 86, passada a euforia causada pelo primeiro Rock in Rio, as revistas brasileiras de Heavy Metal da época noticiavam que havia, em uma cidade minúscula da Inglaterra chamada Newcastle, uma banda fazendo um som totalmente diferente do que já se tinha ouvido. Nunca uma banda havia soado tão rápido, tão pesada e agressiva. Nunca um grupo havia quebrado tantas barreiras. Nunca músicos (?) até então haviam adotado pseudônimos.
Seu nome: Venom.
Junto com as matérias, as fotos dos componentes eram as mais radicais possíveis. Cronos, Mantas e Abaddon apareciam como seres de outro mundo, indivíduos que deram um novo rumo ao Heavy Metal. Lendo as revistas, ficamos sabendo que a banda se auto-intitulava "Black Metal", uma ramificação muito mais extrema do Heavy Metal, e que, a partir dela, se desdobrou em Death Metal e Thrash Metal, o que fez do Venom a banda mais influente da história do Heavy Metal, ao lado do Black Sabbath.
Na Rock Brigade de Setembro de 83, o repórter Berrah de Alencar, comentando o disco "Black Metal", escreveu versos que despertaram um interesse máximo sobre a banda, como "É horripilante! O Venom detona sem piedade. (...) Poucos têm condições psicológicas para ver, ouvir e engolir o que o Venom mostra no palco. O shock desta banda intensificou uma campanha maciça em todos os E.U.A., feita em outdoors de beira de estradas, contra o Heavy Metal, encetada pela Music for Moral Majority, instituição religiosa americana. No senado apareceu um projeto de lei que obriga a colocar nos discos de Heavy Metal 'Isto contém alusões ao demônio'. Que tamanho cinismo!".
Em 86, outra revista, a Heavy, colocou ainda mais lenha na fogueira de expectativa sobre o Venom: "Não há nada de macio no Venom. Tudo é violento e forte. Além de rápido (...). Ao vivo, nos discos ou nos vídeos, nada de romantismo, nada de harmonia. Tudo é arrasadoramente alto, cheio de distorções, som sujo, Thrash. São, em verdade, os papas do Black Metal".
E nós, fãs acostumados com Kiss, Whitesnake, Scorpions, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, AC/DC, passamos a cultivar uma enorme expectativa em escutar o som do Venom. Seus discos, quando encontrados no underground carioca, eram vendidos cheios de advertências a respeito do teor lírico, o que só aumentava ainda mais o suspense.
Em meados de 86, o que parecia impossível aconteceu: é anunciada uma excursão do Venom ao Brasil! Logo o Venom, uma banda que faz poucos shows, e ainda mais no Brasil, um país que, até então, estava vivendo das lembranças do Kiss em 83 e do Rock in Rio I.
No começo, ninguém acreditou. Com o tempo, os primeiros cartazes foram sendo espalhados pelas lojas do Rio, como a Sub-Som e a Toca do Vinil. Foi noticiado que o Exciter também viria, e que bandas brasileiras abririam os shows, inclusive uma "tal" de Sepultura. Os mais pessimistas, que achavam que aquilo tudo não passava de um sonho, só vieram a acreditar mesmo quando a rede Bandeirantes de televisão passou a exibir uma chamada para o show, em pleno horário nobre, onde o Venom aparecia tocando ao vivo. Não havia mais dúvida! A banda mais pesada do mundo estaria mesmo no Brasil!
No colégio, meus amigos espalhavam boatos sem nenhum fundamento, como "O último show deles foi na Argentina, e morreram 400 pessoas" (O Venom nunca tocou lá), e "Eu vi uma entrevista onde a banda disse que no fim dos shows aqui no Brasil iria fechar os portões dos estádios e botar fogo dentro", e muitos outros.
Após a passagem do Venom e do Exciter, tudo mudou no Brasil. As bandas Heavy passaram a nos visitar com mais frequência, surgiram mais lojas especializadas em Metal, tornando muito mais fácil encontrar álbuns de bandas até então undergrounds como Destruction, Celtic Frost e Kreator. Mas os fãs daquela época jamais se esquecerão como as dificuldades e a escassez de shows tornaram os anos 80 especiais, e fez da vinda do Venom um marco na história do Heavy Metal no país. Vale lembrar ainda que este foi o primeiro show de toda aquela geração que passou a gostar de Metal com o Rock in Rio I.
A revista Top Rock, número 13, traz uma reportagem sobre os crimes cometidos pelas bandas de Black Metal da Noruega, onde Varg Vikernes, líder do Burzum, e Euronymous, do Mayhem, citam o Venom e o Bathory como a grande influência musical e, mesmo sabendo que nenhuma dessas bandas se envolveu com satanismo na prática, escolheram acreditar assim mesmo no que sua música pregava. Veja o que Cronos disse sobre isso: "Quando se fala em satanismo relativo ao Venom, se fala sobre a crença em si mesma, em dar-se a liberdade de escolha entre amor e ódio, o bem e o mal. Não se fala sobre enxergar uma divindade. É falar sobre quanto se pode ser melhor. Tudo isso é muito triste. Brigar e matar pessoas é voltar no tempo. Tentar impor suas idéias através da violência- foi o que Hitler fez aos judeus!"

1981 - Welcome To Hell (remastered)download parte 1
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1982 - Black Metal (remastered) download parte 1
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1983 - At War With Satan (remastered) download parte 1
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1985 - American Assault download


1985 - Official Bootleg download parte 1
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1985 - Possessed (remastered) download parte 1
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1986 - Eine Kleine Nachtmusik Live album, produced by Cronos, recorded at Hammersmith Odeon in 1985 and The Ritz,New York in 1986.
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1986 - The Singles 80-86 download


1987 - Calm Before The Storm download


1989 - Prime Evil download



1990 - Tear Your Soul Apartdownload


1991 - Temples Of Icedownload


1992 - The Book Of Armageddon
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1992 - The Waste Lands
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1993 - In Memorium
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1993 - Skeletons In The Closetdownload


1994 - A tribute to VENOM - In the Name of Satan
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